Ex-delegado do Dops mostra onde incinerou o corpo do pai do presidente da OAB

De acordo com o Buzz Feed News Br, o ex-delegado do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) Cláudio Antonio Guerra, que hoje tem 78 anos, mostrou para a Comissão Nacional da Verdade o forno em que incinerou o corpo de Fernando Santa Cruz. Além do pai do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, Guerra afirma ter ajudado a queimar mais 11 corpos de presos políticos assassinados entre 1974 e 1975 pelo regime militar no Rio de Janeiro. 
Na última quinta-feira, Guerra foi denunciado pelo Ministério Público Federal por ocultação e destruição de cadáveres. Um ex-delegado chegou a mostrar para investigadores da Comissão Nacional da Verdade o forno em que incinerou o corpo do militante de esquerda Fernando Santa Cruz, pai do presidente da OAB, e de mais 11 presos políticos assassinados entre 1974 e 1975 pelo regime militar no RJ.

A incineração foi feita em um forno da usina de açúcar Cambahyba, em Campos dos Goytacazes, segundo o próprio ex-delegado. Cláudio Antonio Guerra tem hoje 78 anos e na quinta (1º) foi denunciado pelo Ministério Público Federal por conta do desaparecimento dos 12 corpos.

Ele admitiu os crimes primeiramente no livro "Memórias de uma guerra suja", em 2012. Dois anos depois, confirmou tudo e mostrou detalhes da operação de incineração para a Comissão Nacional da Verdade. Em depoimentos posteriores ao Ministério Público, Guerra reafirmou os crimes.

Na semana passada, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que sabia o destino do pai do presidente da OAB e afirmou que Fernando Santa Cruz não teria sido morto pela ditadura. O Buzz Feed buscou nos arquivos da comissão as imagens e os vídeos de depoimento do ex-delegado. 

"Os coronéis que estavam no comando do país queriam um meio de desaparecer mesmo [com os corpos]. Então foi dada essa ideia de ser incinerados os corpos", disse Guerra em 2014.

Os corpos eram entregues em sacos plásticos e colocados no porta-malas do carro. Guerra disse que, por curiosidade, abriu todos os sacos — e que ficou marcado pela violência usada contra uma vítima, a professora da USP Ana Rosa Kucinski, com marcas de mordidas e violência sexual.

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Correio Brasiliense